31/03/06

O master e os fotólitos já seguiram para a fábrica. (Bem, bem para a fábrica não foram. Foram para Lisboa, para depois serem enviados para Espanha, onde vão ser feitos os CDs.) Está confirmada a encomenda das saquetas de plástico (que vêm também não sei de onde).
Como, afinal, até nem me dou assim tão mal a gastar o tempo em telefonemas e correspondência, para a próxima (se a houver) já sei: antes sequer de pensar em dar uma única nota, monto um escritório.

30/03/06

Começo a achar piada a este relato do processo de produção do disco. Só tenho pena de o estar a fazer apenas nesta fase final, e não desde o seu início. Gostava agora de ler o que é que teria escrito entre Janeiro, altura em que comecei a fazer as primeiras diligências, e Junho, altura em que fiz as primeiras gravações. Meio ano de adiamentos, atrasos e incertezas é obra. Ou melhor: é não-obra, e o que é engraçado é que nesses meses não deixei de fazer (uma dependente e incompetente) produção executiva. Se não fosse trágico era cómico; ou vice-versa.

Fui à gráfica hoje de manhã. Contava sair de lá com os dois fotólitos necessários para mandar fazer os CDs. Infelizmente, por causa de um mal-entendido, quem os faz apenas fez um e saiu para almoçar… Amanhã de manhã vou buscá-los para os enviar para a fábrica, junto com o master. (Fico a aguardar o orçamento para a capa.)
Já encomendei as saquetas de plástico para a embalagem. Pelo sim, pelo não, amanhã telefono a confirmar a encomenda (que demora duas semanas a chegar).

29/03/06

A ida de ontem à gráfica, que ia permitir pôr em marcha o processo de fabricação do disco, foi adiada para amanhã. Ponho esta informação aqui para quem me vai perguntando quando é que sai o disco: infelizmente sei tanto (ou quase tão pouco) como vocês. Posto isto aqui, supersticiosamente, pode ser que seja o último atraso/adiamento; ou que, à laia de anedota, passe a ser o iníco do relato de todos os outros com que ainda vai ser preciso lidar.

23/03/06

Entrevista com Lia Pereira em Dezembro de 2004, no dia em que abri o concerto de Josh Rouse em Lisboa. Reportagem sobre este concerto e mais algumas notícias. Tudo na Cotonete.

21/03/06

Já está disponível o meu sítio na net, graças ao trabalho do Filipe Agante e do Rodrigo Melo. Em nunoprata.com podem ouvir as canções Já não me importo e Vamos andando (Só temo pelos outros).

16/03/06

Concertos 2005
18/02 - Porto (Uptown)
07/04 - Matosinhos (B Flat)
11/04 - Porto (Bazaar)
29/04 - Gaia (Hard Club / Supernada)
06/05 - Arcos de Valdevez (Casa das Artes / Sons de Vez)
08/05 - Coimbra (Palco RUC / Queima das Fitas / Supernada)
16/06 - Porto (Caos)
02/12 - Gaia (Hard Club / 1ª parte Boitezuleika)
22/12 - Lisboa (Lounge / 5ª Autores)

Concertos 2004
31/01 - Santo Tirso (Carpe Diem)
07/02 - Aveiro (Navio de Espelhos)
14/02 - Forjães (Kastru's Bar)
21/02 - Porto (Maus Hábitos / Lançamento do nº 19 da revista Bíblia / Dead Combo)
26/02 - Lisboa (Lontra / Lançamento do nº 19 da revista Bíblia / Dead Combo)
27/02 - Cantanhede (Pedra & Cal)
28/02 - Cantanhede (Pedra & Cal)
05/03 - Vilarinho (Azenha D. Zameiro)
06/03 - Vilarinho (Azenha D. Zameiro)
13/03 - Castêlo da Maia (Tertúlia Castelense)
19/03 - Porto (O Meu Mercedes…)
15/04 - Matosinhos (B Flat)
22/04 - Coimbra (Auditório do IPJ / Festival Santos da Casa / Ovo)
27/08 - Porto (Concha Acústica do Palácio de Cristal / Noites Ritual Rock / Jorge Cruz e Fritz Kahn)
18/09 - Cascais (Auditório Fernando Lopes Graça / New Sounds of Portugal v2.0 / Quinteto Tati, Stowaways e Le Divan)
04/10 - Senhora da Hora (FNAC Norte Shopping)
05/10 - Gaia (FNAC Gaia Shopping)
14/10 - Porto (FNAC Santa Catarina)
26/11 - Esmoriz (Albatroz)
10/12 - Porto (Porto Rio)
15/12 - Lisboa (Fórum Lisboa / 1ª parte Josh Rouse)
17/12 - Porto (Alfândega do Porto / 1ª parte Josh Rouse)

11/03/06

Sábado, 18 de Março, às 23h30, concerto no bar Novo Ciclo ACERT, em Tondela.
Neste concerto, para além do Nico, vou contar também com o Kinörm para tocar as canções com alguns dos arranjos do disco.

08/03/06

Hoje quem?

Hoje quem acordou na minha cama,
hoje quem é que eu sou?
Já é manhã mas esta noite ainda não passou.

Que força tenho quando me tenho só a mim,
de quem mais eu preciso para respirar?
A minha cara faz-me sempre lembrar alguém…
E os meus olhos são de quem?

Eu queria ser como tu.
Eu queria crer como tu.

Eu queria ser como eu
mas dos meus sonhos acorda outro alguém.
Eu queria ser como quem?

Hoje quem acordou na minha carne
e que sonhos roubou
na madrugada de um dia que já passou?

Todo o tempo é tempo de acreditar.
Mas tanto tempo já passou
sem que a fé encontrasse em mim lugar…
(Estava sempre onde eu não queria estar.)

Eu queria ser como tu.
Eu queria crer como tu.

Eu queria ser como eu
mas dos meus sonhos acorda outro alguém.
Eu queria ser como quem?

Hoje quem acordou na minha cama,
hoje quem é que eu sou?
Já estou a pé e o dia ainda nem chegou…

Alice ri-se

Alice ri-se e eu caibo na sua minúscula mão.
Alice ri-se e o meu mundo é uma manta no meio do chão.
Ali se vence a vida por estar cá sem querer razão —
Alice ensina-me a aprender essa lição.

Alice ri-se e o seu riso é a minha salvação.
Sempre que chega, Alice traz-me a sua boa disposição.
Alice, nos caminhos vamos perder-nos da mão.
Mas, Alice, estes momentos ninguém leva de onde estão —
segredos sagrados, seguros no meu coração.

Alice ri-se e o resto é como se não visse.
Como se cessasse tudo e o mundo inteiro se resumisse
a um grande nada, a uma imensa parvoíce
que existe só para que exista a Alice;
que existe só para vermos rir a Alice.

Porque sim

Esta é para ti porque sim.
Porque cheguei a casa e senti
porque sinto o vento da mudança a dançar para mim:
é que este vem de ti. Vem de ti porque sim.

Esta é para ti porque sim.
Porque cheguei a casa e sem ti
já me sinto incapaz de crer no que vejo crescer
da soma destes dias, e dias, e dias, e dias…

Dava-te tudo se tudo fosse pra teu bem,
dava-te a vida se a minha vida valesse um dia nosso.
Dava-te, juro, o melhor do melhor, do melhor de mim,
se o não tivesse perdido
ao perceber que a melhor parte de nós não nos obedece.

Mas mesmo assim…

Esta é para ti porque sim.
Porque cheguei a casa, e então vi que me sinto
finalmente pronto a aceitar que até há coisas que são assim.
Só assim: porque sim.

Esta é para ti porque sim.
Por ser para ti o riso que ri dentro de mim.
Pobre ilusão…
Ainda assim vai resistindo dias, e dias, e dias, e dias…

Dava-te tudo se tudo fosse pra teu bem.
Dava-te a vida se a tua vida pedisse um dia nosso.
Dav-te, juro, o melhor do melhor, do melhor de mim,
se não tivesse perdido de vez a noção do que ainda posso
e do que já não posso.

Mas mesmo assim…

Esta é para ti porque sim.
Porque cheguei a casa e senti
porque sinto o vento da mudança a dançar para mim:
é que este vem de ti. Vem de ti porque sim…

Ou esta é para mim? Porque não para mim?
Tu és só uma ideia — tu não és mesmo assim —
que em qualquer uma encaixo se pensar porque sim.
OK, não minto mais: esta é para mim.

Dava-te tudo se tudo fosse pra meu bem,
dava-te a vida se a minha vida pedisse algo de nosso.
Dava-te, juro, o melhor do melhor, do melhor de mim,
se o não tivesse deitado fora ao ver
que a melhor parte de nós de nada nos serve.

Ainda assim…

07/03/06

O homem invisível ainda acha possível

O homem invisível ainda acha possível
abrir sorrisos à sua passagem. Mas não é fácil.
É pouco provável que algum dia
alguém repare na sua viagem rumo aos corações.

É por gostar que sai ao encontro
de quem tem a certeza de um dia o ter visto.
Só pra mostrar que o que hoje se vê de si
é o que sobrou da sua vontade de entrar nos corações.

O homem invisível ainda acha possível
regressar da viagem com recordações
de sorrisos novos em velhos conhecidos que, por fim,
deixem navegar os sentidos ao sabor das emoções.

O homem invisível nunca teve a coragem
de enfrentar as coisas tal como elas são…
Mas quem pode dizer que aí não há a intenção
de ter das coisas, não aquilo que elas mostram,
mas o que de melhor maneira encontra o coração.

O homem invisível ainda acha possível
abrir sorrisos à sua passagem. Mas não é fácil.
É pouco provável haver alguém que um dia
o acompanhe na sua viagem rumo aos corações.

Esse não

Esse não, esse não. Outro que não esse.
Esse não, esse não… Foda-se.
Esse não, esse não. Todos menos esse.
Esse não, esse não…

Porque é que tinha de ser esse?
Eu conheço esse, eu conheço bem.
Ainda que merecesse uma grande lição,
porque é que tinha de ser o irmão do meu irmão?

Esse não, esse não…

Porque é que escolheste esse?
Sabes, não parece que exista razão.
Eu sei que nunca quis ficar dentro do teu coração,
mas estou certo que ele também não
quer lá entrar.

Mas quem sou eu? Quem sou eu para te julgar?
Que sei eu? Que sei eu?
Nada.
Quem sou eu? Quem sou eu para te cobrar?
Quando tudo o que te dei foi
nada

daquilo que tu querias, do que merecias…
Eu só quis lutar pela minha fantasia
de ver chegar o dia
em que vai ser possível não chorar no fim.

Mas, isso não… Isso não…
Isso não é assim.
Isso não vai acontecer assim
nunca.

Porque é que tinha de ser esse?
Eu conheço esse, eu conheço bem.
Porque é que escolheste esse?
Eu conheço esse, e conheço-o bem…

Esse não, esse não…

Vamos andando (Só temo pelos outros)

Vamos levando, vamos aprendendo.
Vamos passando os dias sendo.
Vamos registando e esquecendo:
vamos perdoando, vamos crescendo.

Vamo-nos abraçando, vamos ficando
ternos irascíveis. Eu bem percebo.
Queremos o mesmo — não desfazendo.
Levamos avanço, ainda é cedo.

Só temo pelos que os outros vão sendo.

Vamos decifrando um pouco de tudo
do de tudo um pouco que nos vão dizendo,
porque cremos que todos temos bom fundo
e é isso que ainda nos vai entretendo.

Assumimos: estamos sempre um pouco aquém;
e, para conservarmos nossa sanidade,
constantemente incutimos a culpa a alguém…
Não vejo nisso motivos pra tanto alarde.

Só temo pelo que os outros vão sendo.

Somos patéticos quando simpáticos,
somos estúpidos e problemáticos.
Acabamos casmurros, e o que é fantástico
é que complicando tudo às vezes somos práticos.

Vamos andando, deixemo-nos ir.
Há futuro enquanto conseguirmos rir;
e tudo o que hoje fizermos de errado
incontornavelmente torna-se passado.

Só temo pelo que os outros vão ver.
Só temo pelo que os outros vão ter.

Nós não

Não temos dinheiro. Nós não fazemos dinheiro.
Nós não contribuimos em nada para a evolução do país.
Não temos dinheiro. Nós não fazemos dinheiro.
Nós só passamos dias inteiros atrás daquilo que não tem vez.

Não temos dinheiro: não temos ninguém.
Não temos dinheiro: não somos ninguém.

Não temos dinheiro. Nós não queremos dinheiro.
Nós no nosso mealheiro só guardamos o eco da nossa voz.
Não temos dinheiro. Nós não queremos dinheiro
porque acreditamos que a nossa recompensa é o que nasce de nós.

Mas nós sem dinheiro não somos ninguém.
Mas nós sem dinheiro não temos ninguém.

Não temos dinheiro. Nós não fazemos dinheiro.
Nós não nos preocupamos com a actual situação do país.
Não temos dinheiro. Nós não queremos dinheiro.
E passamos uns tempos porreiros a rir do que por aí se diz…

06/03/06

Noites Double Doodle, quinta dia 9 na Faculdade de Psicologia da UP e dia 15, quarta, no bar Uptown.
Com Kino, Gon, Mary, Nuno, Nico, Peixe e Azevedo.

Alegremente cantando e rindo vamos

Vamos cantando e rindo, alegremente.

Constatamos: borramos o mindinho.
É insignificante o preço para que nos aprovem o caminho.

Vamos cantando e rindo. Alegremente
deixando que a merda nos chegue ao umbigo.
Não há perigo, não há perigo — estão aqui muitos comigo.

Vamos cantando e rindo, e eu acho isso lindo.
Vamos cantando e rindo, e eu acho isso tão lindo.

Vamos cantando e rindo. Alegremente
deixando que a merda nos chegue aos ouvidos.
E é impressionante… Como é que eu ainda respiro?

Vamos cantando e rindo. Alegremente
enterrados na merda que nos impingem.
É o nosso destino. Não se contraria o destino…

Vamos cantando e rindo, e eu acho isso lindo.
Vamos cantando e rindo, e eu acho isso tão lindo.

E ainda cantamos. E ainda cá estamos.
E ainda servimos por mais alguns anos.
E ainda cantamos. E ainda nos rimos.
E ainda ficamos por mais alguns anos.

Já não dói

Vou ficar só um pouco mais dentro
para quando sair não me perder.
Vou gastar mais um pouco do tempo
que ainda me sobra antes de crescer.

Eu bem tento dar meu corpo a viver
razões que não percebo;
e até sinto que me dou a entender
porque a meus olhos já me entendo.

Já não dói.

Na demora há algo que vai crescendo,
algo que já não dá pra esconder;
e no escuro é que vou aprendendo
os medos que já não me metem medo.

Eu bem tento dar meu corpo a mostrar
aquilo que vou sendo…
Para mim é sempre um bom lugar
aquele aonde me mantêm preso.

Já não dói.

Não digas isso, o que é que sabes
daquilo que os outros podem dar?
Não penses isso, não digas nada…
Estamos tão fartos de te ouvir falar!

Não digas tu isso. Não vale a pena.
Eu é que já estou farto de gritar.
Tudo é tão simples, se o sinto assim…
E, assim sendo, ficamos em paz.
Até porque

já não dói.

04/03/06

Já não me importo

Eu não respondo por mim.
Então, porque respondem por mim?
Eu nunca faria assim…
De verdade, nada faço
e de tudo se espera um fim.
Já vi: menos de mim.

Já não me importo.
Eu já não me importo, eu já não…

Eu sirvo para muito pouco.
Não condescendam, isso é pouco melhor.
Começo a sentir-me fraco…
É de há muito tempo
andares a esgravatar no teu buraco!
Vocês nem digam nada, puta que pariu!,
vocês nem servem de nada,
e eu

já não me importo.
Eu já não me importo, eu já não…

Já não me importo
e até suporto. Já nem respondo.
Já só quero que passe o tempo
sem estar atento, sem querer estar.
Sem servir de saco de pancada
a fracos que rezam a história
sempre da maneira errada.

Eu não respondo por mim.
Então, porque respondem por mim?
Eu nunca faria assim.
De verdade, nada faço
e de tudo se espera um fim.
Já vi menos de mim…

Já não me importo.
Eu já não me importo, eu já não…

Não deixes de querer fugir

Nós não temos de ser os melhores,
para nós há lugar também.
Aliás, há já tantos melhores
que não sobra espaço para mais ninguém.

Nós pomos os pés nas poças dos outros
à procura de um motivo que nos leve longe
e, nas nossas costas, embrulhe tudo de sentido.

Não deixes de querer fugir
porque saber fugir não é mau.
Nós temos de saber fingir
porque saber fingir não é mau.

Eu não vos mereço
mas sem vocês o que é que eu faço?
Eu não tive nunca nada meu.
Preciso mas não tenho, agora, tempo pra pensar.

Dêem-me de volta os dias, quero de volta os dias,
quero ter dias só meus…
Quero ser eu o primeiro a dizer adeus.

Não deixes de querer fugir
porque saber fugir não é mau.
Nós temos de saber fingir
porque saber fingir não é mau.

01/03/06

Guarda bem o teu tesouro

Guarda bem o teu tesouro,
nem penses que o vais deixar.
Não queiras ser mais um tolo
que se afasta de quem quer gostar.

Guarda bem o teu consolo.
Guarda, dele bem vais precisar.
É que a vida leva-te a razão
e o mau tempo vem sem avisar.

Guarda bem o teu tesouro,
dá-lhe o melhor lugar do teu lar.
O que tens é muito mais do que ouro
e nem precisaste de roubar.

Guarda bem o teu tesouro,
se não sabes porque o vais trocar.
Não vejas na minha luta
os passos que te apetece dar,

eu sou sempre mau agoiro.
Guarda, então, o teu tesouro
Pois eu corri atrás de tudo
e com nada consegui ficar…

Nada é tão mau

Nada é pior do que não te ter
e ver que outros braços
te dispensam beijos falsos, fáceis rimas de prazer.
Nada é tão mau quanto não te ter
e saber que o teu riso
é o aviso que de ti preciso para viver.

Não preciso de te explicar, que ideia é essa
que as palavras falam aos ouvidos
melhor que os olhos ao coração?

Mas assim eu não te vou ter,
porque é à custa de palavras, mesmo erradas,
que aprendemos a quem queremos conhecer.
Sem afirmar eu não vou crescer;
que face posso dar quando errar
porque ninguém ouviu o que eu não quis dizer?

Eu vou ter de te falar, deixar explodir,
explicar que o que te mostro
é tão menos do que me obrigo a calar.

Pobre de mim (Assim também eu)

Assim também eu:
falando de barriga cheia
é sempre possível qualquer ideia.
Assim, também eu
era capaz de acreditar que o mundo
não se esqueceu de mim.

Pobre de mim, que só a mim me tenho.

Assim também eu.
É fácil quando existe quem nos
trata da logística dos sonhos.
E ainda bem,
se estás OK eu estou OK.
Isso é que é para mim um grande passo.

Pobre de mim, que sou apenas o que eu faço.

Assim também eu.
A falar de barriga cheia
acredito piamente que levo avante outra estúpida ideia.
Assim também eu.
Acho que nem ia notar que o mundo
pura e simplesmente cagou para mim.

Pobre de mim, só vejo o que não tenho.

Não sabes, mas eu
sempre achei que era capaz de depender
só da força dos meus braços.
Eu bem que tentei…
Em dois anos o pouco que fiz
foi dar um passo fora do buraco.

Pobre de mim, que já estou morto de cansaço.

Já é sábado

Já é sábado e ninguém sabe,
são sete da manhã e já e tarde.
Perdi a compostura, vendi as ideias
ao morder a ternura em três mulheres feias.

Dá-me o teu contacto. O teu fino trato
trata-se duma intenção, atenção!
Até são palavras lindas, como boas-vindas
à porta da solução.

Esqueço-me rapidamente que pé se põe pra seguir em frente
e o meu norte não é tão forte que a sorte de outros não me tente.

Passa mais um sábado, bêbado continuo
— dizem que pra meu bem.
Deve ser verdade… Eu em silêncio, tenso,
bebo a noite atrás de quem?

Um copo é pouco, grito!,
muito é pouco pra regar um ego sôfrego.
Gostava de ser mito, sinto trôpego.
Gosatva eu, gostavas tu…

Esqueço-me rapidamente que pé se põe pra seguir em frente
e o meu norte não é tão forte que a sorte de outros não me tente.

Já é sábado e ninguém sabe,
são sete da manhã e já é tarde.
Começou o sábado ainda era sexta…
E no domingo
mijo de felicidade
e rio da cidade que me acordou.